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PARASHÁ VAERÁ – A ANGÚSTIA DA ALMA

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“E Moisés falou aos Filhos de Israel, porém eles não escutaram por angústia da alma” (Zohar Vaerá).

A parashá nos situa na difícil situação de Bnei Israel no Egito e o quanto viviam debilitados sob o jugo da difícil escravidão, sob a qual falamos na interpretação mística da parashá anterior. Em verdade os reflexos bíblicos que a Torá passa a transmitir, estão sob a humanidade hoje em dia, numa realidade tão óbvia que salta aos olhos. A degradação da humanidade é o tema, através do desprezo ao amor, que se torna paixão pela violência e destruição, onde se superar não é o ideal, mas sim superar o outro.

As situações não teriam o peso que tem hoje, se as pessoas enxergassem que as respostas já foram todas escritas e ditas. A Torá dá à todo ser o caminho de sua redenção, através da manifestação da vontade de D-us em relação à todas as Suas criações, tão belamente resumida em: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Vaycrá 19:18). Mas realmente é difícil de ver isto, enquanto cada um não se livrar de seu próprio “Egito Interior”.

O Talmud nos relata que “Esav odeia Yacoov”, como uma relação profunda entre a Alma Animal e a Alma Divina que cada ser possui em seu interior e que travam um combate pelo controle das ações humanas. a Angústia da Alma que o Zohar nos relata, está no fato de a alma divina de cada ser não  conseguir dar plena expansão à sua máxima vontade que é servir ao Criador através de pensamento, palavra e ação. Por isso, naquela altura eram incapazes de ouvir a Moisés, como muitos de nós não conseguimos dar ouvidos às mensagens puramente espirituais.

Uma alma angustiada é aquela que está nas profundezas de Malchut, sem permitir que esta última sefirá em seu interior seja abrigo para as nove outras, que fluem em maior consonância com o divino. Quando não há equivalência de forma entre o homem e D-us, não há nada porque o canal para a elevação do ser se torna suspenso ou interrompido de forma quase que permanente. Isto representa o Tzim-Tzum (separação) permanente entre dois elos que deviam estar unidos, tal qual um casamento.

No Shir Ha Shirim (Cântico dos Cânticos) conseguimos perceber que O Rei Salomão nos transmite um ideal das uniões perfeitas, relatando como deve ser a relação entre a humanidade e seu Criador, na intimidade mais profunda. Ao sentir a necessidade desta união, como um vaso que precisa ser preenchido, cada qual , pode provar as delícias deste ibum (fusão) e crescer em espiritualidade mesmo aqui em meio a vida material. D-us relata em toda a Torá e através de seus profetas, que acompanharia o Seu povo na Galut (Exílio).

Moisés é o tzadik, o enviado de D-us, para despertar as mentes e as almas daquelas pessoas angustiadas. elas não ouviam a sua voz, porque as camadas de cascas eram por demais duras, não permitindo a penetração da sabedoria divina. Porém, poucos sabem que o mero anseio em se conectar é uma expressão de cada alma, sua condição natural, ainda que em meio à materialidade. O que significa, que se houver uma vontade verdadeira, por mais ínfima que seja, a mensagem do amor divino chegará aos ouvidos outrora surdos, revertendo a condição desfavorável da alma humana.

Quando Moisés usou os “sinais”, com os quais D-us lhe havia orientado a apresentar diante dos Filhos de Israel, ele permitiu, com que os mesmos estivessem presentes nos dias de hoje para aquelas almas que anseiam pela verdadeira liberdade. Se você realmente quiser, a “Kol Demamá Daká”  (Voz Silenciosa) ressoará em seu coração e então redimirá da influência maléfica da alma animal, no seu interior.  Basta querer se conectar.

Shalom!

Rafael Chiconeli