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PARASHÁ SHEMOT – UM SALTO QUÂNTICO

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“E quanto mais os afligiam (aos israelitas), tanto mais este se multiplicava e se fortalecia” (Shemot 01:12).

Estamos numa semana muito penosa,  que terroristas islâmicos mataram pessoas inocentes em Paris, França. Não é de hoje que os radicalismos intensificam e que muitas vezes a situação parece ficar tão grave que muitos chegam a pensar que nosso mundo não tem mais solução e que esforços pela paz são em vão. A parashá desta semana fala de um momento parecido, quando o povo judeu vivera bem no Egito, fortalecido pela influência de Yossef, e um faraó ganancioso literalmente iniciou uma espécie de “limpeza étnica”, eliminando as conquistas e matando recém-nascidos.

O Zohar nos ensina que não importa para onde os israelitas fossem, já que a Shechiná (Presença Divina) também ia com eles. O grande problema não eram as condições adversas que apareciam, mas sim a dificuldade em tomar consciência de que a solução está bem diante do próprio nariz, Aquela geração enfrentava dificuldades pela primeira vez, embora fossem descendentes de Yacoov, tinham experimentado o melhor no país estrangeiro até então, o que traz importantes lições sobre a natureza dos acontecimentos.

Costumo dizer em minhas aulas, que “o sofrimento é pedagógico”, porque a sua função é gerar mudança e consciência, embora o ser humano tenha a tendência de paralisar, quando ocorrem tais situações. A rápida mudança da condição de povo privilegiado a povo escravo, era simplesmente o agravamento de uma mesma situação que a consciência acomodada não permitia ver. Mesmo diante dos luxos egípcios, o povo judeu já era escravo, pelo perigo que representava a assimilação à costumes estranhos.

Muitas vezes as trevas agem em estágios, instalando-se aos poucos na existência, penetrando pelas brechas que permitimos, à medida que nossa espiritualidade vai decaindo sem que possamos reagir. O que aconteceu, foi que gradativamente, a percepção da Shechiná foi desaparecendo e a sensação de abandono foi tomando conta de todos, onde o Zohar usa como comparativo o “pão egípcio”.

Diz o Zohar: “Rabi Chiyá aplicou aos israelitas que baixaram no Egito o seguinte versículo: ‘não comas o pão daquele que tem um olho mau’. Disse: ‘Em realidade, o pão ou qualquer outra dádiva graciosa ofertada por um homem de olho mau não merece ser compartilhado ou saboreado’. ‘Os Filhos de Israel, que estiveram no Egito, se não tivessem gostado do pão dos egípcios não haveriam permanecido ali em exílio, nem tão pouco os egípcios teriam os oprimido” (Zohar Shemot).

Neste caso, o que fica claro é que não podemos abrir mão de nossa identidade espiritual pura, para costumes que não dizem respeito ao que o Criador deseja para nós. Ao descumprirmos o que D-us definiu para cada um de nós, judeus e não-judeus, nós estamos comendo do “Pão Egípcio”, que é oferta de Samael, o testador e colaboramos para que a Shechiná se afaste de nosso mundo. Assim o Zohar diz sobre estas pessoas: “melhor que nunca tivesse nascido”, já que desprezar a oferta de D-us, pela de Samael é o mesmo que praticar idolatria.

 Vemos então, que neste estado a luz vai se fazer presente através das mulheres de Israel, que continuaram seguindo os mandamentos divinos e realizando partos, apesar das proibições que o faraó estabeleceu. Se o mandamento de “crescei-vos e multiplicai-vos”, fosse desprezado Moisés, nosso mestre, jamais teria nascido para redimir nosso povo. O apego das parteiras israelitas a esta mitzvá em particular, significou o início da recusa deste pão maligno e o início de um salto quântico para todo o povo judeu.

Esta retomada de consciência, concede resistência e reunifica a certeza da missão e da mesma forma que o passuch introdutório deste estudo, esta visão permite com que as “pancadas da vida”, possam ser absorvidas para que o ser humano se fortaleça e cresça com elas. A pedagogia do sofrimento, não significa acostumar-se com ele, mas sim torná-lo trampolim para a vitória.

Shalom!

Rafael Chiconeli